Piquenique serviu para contestar as obras de regeneração urbana na Praça Brandão de Vasconcelos |
2011-09-20
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Considerando que as obras de requalificação da Praça Brandão de Vasconcelos são “um romper forçado com as memórias do povo de Arouca”, o movimento “Em defesa da nossa Praça” organizou, no passado sábado, 17 de Setembro, uma manifestação, naquele local, para mostrar o seu descontentamento relativamente à construção, promovida pela Câmara Municipal, de um anfiteatro na praça central da vila. Em jeito de piquenique, com mantas estendidas no chão, algumas almofadas, comida e música ao vivo, os criadores do movimento, na sua maioria vestidas de branco, apelaram à autarquia bom senso e respeito pelo património histórico. Mas a adesão ao protesto não foi a esperada, já que apenas algumas dezenas de arouquenses se juntaram à causa. A obra já foi adjudicada, mas isso não demoveu os organizadores da concentração. “Enquanto o erro não está cometido, estamos sempre a tempo de evitá-lo”, disse uma das principais impulsionadoras do protesto, Cláudia Pinho. “Estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para chamar a Câmara à atenção e pedir-lhes que tenham consciência e respeito pelo património que é de todos os arouquenses”, acrescentou. E nos discursos proferidos não faltaram críticas à câmara. “Alterar o coração da nossa vila nunca poderá chamar-se de modernização como a autarquia nos tem dito e não tem respeitado o traçado histórico, como também tem sido dito. Isso é atirar areia para os olhos das pessoas”, acusou Cláudia Pinho. Também Fernando Matos Rodrigues criticou o poder municipal. O professor de Arquitectura, natural de Arouca, não vê com bons olhos a alteração daquela que considera ser uma praça com grande significado histórico, e por isso, também aderiu ao movimento e à manifestação. “É lamentável que uma câmara que foi eleita pelos arouquenses execute obras que põem em causa as suas memórias. A Câmara Municipal de Arouca portou-se mal desde o início, não discutiu o projecto, não houve um inquérito à população”, criticou. Não menos crítico esteve também o antigo presidente do município, Zeferino Brandão que, embora assuma que a praça precise de obras, não concorda com a intervenção prevista para aquele espaço. “Nós concordamos que tem de haver uma requalificação da praça, mas somos contra as obras que destruam para sempre esta memória de 110 anos. Obras sim, mas que sejam feitas de acordo com a vontade das pessoas”, afirmou. “O direito à preservação da nossa memória é insubstituível”, defendeu o ex-autarca. Fátima Brandão Langer também não concorda com a alteração que o município pretende fazer na praça. Como forma de protesto, carregava um cartaz que saltava à vista e onde se podia ler: “Não à praça de touros”, uma alusão irónica ao anfiteatro que resultará das obras de “regeneração urbana” na Praça Brandão de Vasconcelos.
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