No passado dia 25 de abril, Arouca foi palco dum espectáculo que fez jus à história da efeméride. A liberdade conquistada com a Revolução dos Cravos abriu as portas do ensino artístico a toda a população. Hoje há milhares de jovens a crescer aprendendo música. Alunos das academias de música de Arouca e Vale de Cambra deram “show” interpretando canções de Abril.
A tarde da passada quarta-feira estava fria. A sala do antigo cinema Globo d’Ouro tinha a lotação esgotada. Entre o público havia diferentes gerações. E no palco estavam os músicos, rapazes e raparigas vestidos a rigor, alguns deles com “um bichinho na barriga”, outro, escondido mais atrás, benzendo-se antes do primeiro acorde.
Entretanto, ouvem-se as palmas do público a abrirem caminho ao maestro Alcides Paiva. O trecho “The North Face” é atacado pela orquestra, com mestria. Galhardia. Entusiasmo. Entrega. Os jovens músicos trocam olhares entre eles. Sorrisos. A alegria libertada pelo seu brio profissional percorre a sala.
“Abbagold”, uma rapsódia do eterno quarteto sueco ABBA, aquecia, ainda mais, o coração da plateia. O público gostava do que via e ouvia. O concerto corria bem.
Depois entrou em cena o maestro Paulo Almeida. E “African Synphony” trouxe recordações quentes. O ritmo dos países dos trópicos. A cadência do ribombar da percussão. Alguns dos presentes acompanhavam o som com a batida discreta dos pés no chão. O público mantinha-se entretido.
E seguiu-se a entrada do coro. Miúdas vestidas de vermelho, com cravos viçosos enfiados nas partituras, aprontaram-se ao fundo do palco. Em cena, estavam agora dezenas de músicos e outras tantas vozes. Em crescendo, abriram a atuação conjunta entoando “Grândola Vila Morena” A temperatura da sala subiu, com a interpretação da primeira canção emblemática da Revolução de Abril de 1974.
Seguiu-se-lhe “E depois do adeus”.
O programa terminou com “Somos livres”, mas o público obrigou-os ao “encore”:
“Uma gaivota voava, voava,
asas de vento, --coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.”